MENINGIOMAS

Os Meningiomas são tumores benignos que se desenvolvem nas meninges, (tecidos que recobre o sistema nervoso central) mais especificamente pelas células da camada subaracnóide (Figuras 1 e 2). Ocorrem com mais frequência em mulheres, na faixa de 40-60 anos. Localizam-se principalmente sobre as convexidades cerebrais, próximo aos seios venosos, na base do crânio, na fossa posterior e, raramente, nos ventrículos. Pode haver múltiplos meningiomas. Os meningiomas comprimem, mas não invadem, o parênquima cerebral. Podem invadir e distorcer o osso adjacente. Há vários tipos histológicos, que podem influenciar na evolução clínica e alguns se tornam malignos (figura 8).

Sabe-se que meningiomas podem surgir a partir da radioterapia do sistema nervoso central, mas os casos radio-induzidos são raros e a dose para que o tumor seja causado é muito grande. A influência hormonal na formação dos meningiomas ainda não esta bem estabelecida. Os casos familiares também são raros e estão ligados a síndromes genéticas como a Neurofibromatose.

   Os sintomas dependem da parte do cérebro que é comprimida e, portanto, da localização do tumor.

Sintomas dos meningiomas de acordo com o local

Local

Achados

 

Base do crânio

Perda visual

Paralisia oculomotora

Exoftalmo

Convexidades cerebrais

Crises epilépticas focais

Déficits cognitivos

Finalmente, sinais de elevação da pressão intracraniana

Clivo e osso petroso apical

Transtornos da marcha

Ataxia de membros

Déficits referentes aos V, VII e VIII nervos cranianos

Forame magno

Dor suboccipital ipsilateral

Paresia que se inicia no braço ipsilateral, evolui para a perna ipsilateral e depois para a perna e o braço contralaterais

Às vezes, sinal de Lhermitte

Déficits de nervos cranianos (p. ex., disfagia, disartria, nistagmo, diplopia, hipoestesia facial)

O diagnóstico é feito através de Ressonância de encéfalo (Figura 3) . A arteriografia cerebral pode auxiliar na estratégia de tratamento, avaliando-se a nutrição arterial do tumor e a obstrução de seios venosos (Figura 4) . Nos casos em que é factível, uma embolização pré-operatória pode ser realizada, com intuito de reduzir o suprimento do tumor, minimizando o sangramento intra-operatório e facilitar a cirurgia.

A cirurgia é o tratamento mais eficaz para esse tipo de tumor e geralmente é possível a remoção total com cura da doença (Figura 5 e 6). Algumas vezes, a remoção cirúrgica pode ser difícil devido ao complexo acesso cirúrgico, como os meningiomas petro-cliviais, esfeno-orbitários, seio cavernosos ou dos seios venosos durais, como no caso apresentado. Nesta situação outros tratamentos como a radioterapia e radiocirurgia podem ser utilizados.

Figura 1: Desenho esquemático demonstrando um meningioma de convexidade.
Figura 1: Desenho esquemático demonstrando um meningioma de convexidade.
Figura 3: Ressonância cerebral pré-operatória de um caso operado pela equipe da Neurochirurgie. 
Meningioma parafalcino com invasão do terço posterior do seio sagital superior - SSS (Sindou IV).
Figura 3: Ressonância cerebral pré-operatória de um caso operado pela equipe da Neurochirurgie. Meningioma parafalcino com invasão do terço posterior do seio sagital superior - SSS (Sindou IV).
Figura 2: Meninges cerebrais, demonstrando a camada subaracnóide, de onde originam-se os meningiomas.
Figura 2: Meninges cerebrais, demonstrando a camada subaracnóide, de onde originam-se os meningiomas.
Figura 4: Arteriografia cerebral pré operatória.
Figura 4: Arteriografia cerebral pré operatória.
Figura 5:  Acesso cirúrgico para remoção da lesão.
Figura 5: Acesso cirúrgico para remoção da lesão.
Figura 7: Ressonância pós operatória evidenciando a remoção cirúrgica Simpson II, com preservação e patência do SSS.
Figura 7: Ressonância pós operatória evidenciando a remoção cirúrgica Simpson II, com preservação e patência do SSS.
Figura 6: Remoção cirúrgica Simpson II, com preservação e patência do Seio Sagital Superior ( SSS ).
Figura 6: Remoção cirúrgica Simpson II, com preservação e patência do Seio Sagital Superior ( SSS ).
Figura 8: Aspecto da peça cirúrgica removida. As dimensões são compatíveis com os achados da ressonância pré-operatória. Diagnóstico anatomopatológico: Meningioma Meningotelial - Grau I OMS.
Figura 8: Aspecto da peça cirúrgica removida. As dimensões são compatíveis com os achados da ressonância pré-operatória. Diagnóstico anatomopatológico: Meningioma Meningotelial - Grau I OMS.
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